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quinta-feira, outubro 16, 2003

"Piratas de Cornos e Rabos Torcidos”

Há mais de dois séculos que as ilhas dos Açores não são fustigadas por incursões de piratas – indivíduos tenebrosos que poucos conseguiam chamar de Homens – que saqueavam e arrasavam tudo por onde passavam, deixando um rasto de humilhação e frustração. Santa Maria foi uma das ilhas mais atingidas por este flagelo dos primeiros séculos do povoamento, principalmente por razões geográficas. Devido a este facto, foram na altura construídas várias fortificações: o forte de S. João Baptista, na Praia Formosa; um baluarte nos terrenos que vieram a ser ocupados pelo Polígono de Acústica Submarina, nos Cabrestantes; o forte de Nossa Senhora dos Anjos que hoje está muito arruinado, mas onde persistem algumas peças de artilharia em decomposição; o Forte de S. Brás…

O Forte de S. Brás foi, no passado, o mais importante por proteger Vila do Porto – “capital” de Santa Maria – daqueles malditos forasteiros. É ainda hoje o mais valioso em termos patrimoniais por ser mantido em melhor estado (junto com a ermida de Santa Luzia), por ter nas suas imediações a ermida de S. Pedro Gonçalves (1444) e por se inserir na zona histórica de Vila do Porto. No entanto, este elemento do património arquitectónico militar açoriano construído para proteger os marienses dos abomináveis forasteiros que alcançavam a ilha por mar, está nos nossos dias e já há algumas décadas a ser invadido por “Piratas de Cornos e Rabos Torcidos” e, desta vez, pelas traseiras, atingindo-o no seu âmago, deixando rasto de destruição que se espalha e se entranha nas redondezas e na alma de todos marienses.
Todas as semanas e, pelo que consta, cada um por sua vez (à 3ª-Feira os cornudos e à 4ª-Feira os rabos tortos) o Forte de S. Brás é invadido por piratas que semeiam a destruição e o terror deixando seus dejectos nauseabundos, seus cadáveres e suas almas que vão corroendo todo o património histórico de Vila do Porto tão profundamente quanto esmagam o orgulho mariense tão necessitado de se recompor e de se dignificar. Isto acontece há mais de 30 anos sem que se veja fim à vista. O único projecto que existiu e que em boa hora foi abandonado consistia em ocupar outra estrutura de arquitectura para fins militares (o polígono, nos Cabrestantes) e lá instalar a casa de matança daqueles “piratas” arruinando, assim, mais um marco da nossa história colectiva e mais um elemento do património construído e natural dos Açores.
É esta “pirataria caseira” cega, cultivada pela ignorância e pela falta de capacidade empreendedora dos locais aliada à falta de sensibilidade e bom senso das autoridades regionais que tem vindo a dizimar muito para além das estruturas materiais que atinge. É o orgulho de uma população em ser mariense e açoriana que está de rastos e é enxovalhada por cada bovino que é morto em pleno centro histórico da primeira Capital dos Açores.
É a todos os níveis condenável a pirataria que hoje devasta o património mariense derrubando com a mesma veemência e impunidade a dignidade da população que ao longo dos tempos e amargura atrás de amargura, tem suportado e resistido aos golpes horrendos desferidos bem fundo na sua açorianidade.

terça-feira, outubro 14, 2003

Ontem havia uma lua que quase disfarçava a ausência de ti... Quase.
Na praia, ontem, pairava uma bruma que expandia a pureza por toda a baí­a. O mar de prata deliciava-se na areia serena que o acolhia por entre as suas dunas.
As luzes apagaram-se na proa do largo de que o mastro é aquela jovem araucária. Em frente a lua em crescendo iluminava o mar sereno; a Praia em anfiteatro abraçava-me pelas costas e eu recostei-me e me entreguei nos seus braços como se fossem os teus.
Ontem a Praia estava Formosa

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